Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

DEPOIS DE UMA INTERRUPÇÃO



DEPOIS DE UMA INTERRUPÇÃO FORÇADA POR MOTIVOS DE SAÚDE




Tenho andado a tentar recuperar umas preciosidades cinéfilas que tinha gravadas no obsoleto VHS, sistema que quase ninguém já tem:
- o célebre LA VIE EST À NOUS (1936), do grande Jean Renoir, feito com o apoio do PCF; 
- dois filmes, menos conhecidos para a maioria, do Michael Powell (O LADRÃO DE BAGDAD (1940) e OS CONTOS DE HOFFMAN (1951) ), que quando jovem, apesar da polémica que o segundo suscitou, foram dos que mais começaram a despertar-me o interesse para a Sétima Arte, pela sua grande beleza e imaginação; 
- o PARTY GIRL (1958), belíssimo filme do grande NICHOLAS RAY, com a bela Cyd Charisse; 
- PADRE PADRONE (1977), obra magistral dos manos Taviani (Paolo e Vittorio), autores que a crítica mais conservadora sempre tentou desvalorizar; 
- e duas obras extraordinárias do Federico Fellini (para muitos dos seus pares, um dos maiores cineastas de sempre - último inquérito da SIGTH AND SOUND, de 2012. Ainda verei o próximo, em 2022? Gostava...) - AS NOITES DE CABÍRIA (1957) e LA DOLCE VITA (1960). 
Há bastantes mais. Por isso tenciono continuar. Se puder...


Giulietta Masina, em As Noites de Cabíria


 A Vida é Nossa, de Jean Renoir



Marcello Mastroianni, em La Dolce Vita


Padre Padrone


Party Girl




Os Contos de Hoffmann


O Ladrão de Bagdad



segunda-feira, 23 de julho de 2018

THE BOOKSHOP (A LIVRARIA), de Isabel Coixet

Uma belíssima surpresa porque ainda quase ninguém me chamara a atenção para esta pequena jóia realizada pela cineasta catalã Isabel Coixet, de quem já víramos outros filmes muito interessantes. 
No entanto tinha vencido os dois principais prémios GOYA, em 2017, Espanha, equivalentes aos Óscares para o cinema norte-americano - melhor filme e melhor realização e ainda o melhor argumento adaptado, a partir do romance homónimo de Penelope Fitzgerald.
A actriz inglesa Emily Mortimer, já nossa conhecida de outros filmes de grandes cineastas, é uma fascinante livreira.
Ray Bradbury e o seu admirável Fahrenheit 451 e Vladmir Nabokov e a sua famosa Lolita são duas referências da obra que se situa no final dos anos 50 na costa inglesa ( East England) onde as mentalidades conservadoras da grande burguesia/aristocracia e dos seus lacaios, tudo fazem para se opor à abertura de uma livraria na sua cidadezinha. 
Magnífico retrato desse meio rural, elitista e muito conservador, capaz de recorrer sem vergonha à mentira (não respeitando sequer os mortos) e às trapaças legais para impor os seus desejos. Como nós os conhecemos bem! Continuam iguais, lá como cá! 
Acabam por provocar o fecho da livraria e obrigar a jovem livreira a voltar para Londres mas acabarão por ficar sementes, entre os mais jovens, dessa luta. 
Lembro para terminar as duas magníficas adaptações ao cinema daqueles dois clássicos da literatura: Fahrenheit 451 realizado por François Truffaut e Lolita uma admirável obra-prima de Stanley Kubrick que conseguiu o feito raro de ultrapassar em qualidade o original de Nabokov (em minha opinião). 




  

CINEMA DE AUTOR VS CINEMA COMERCIAL (I)



Lançar dados para uma discussão - cinema de autor versus cinema comercial

TABU, de Miguel Gomes exibido em 26 países em 70 festivais 395.047 espectadores dos quais 371.476 no estrangeiro cerca 3,3 milhões de euros de receita bruta (dados provisórios); 
AMÁLIA, de Coelho da Silva 224.201 espectadores dos quais 9.587 no estrangeiro 930 mil euros de receita bruta

(em Ípsilon, 20-Jul-2018)


domingo, 22 de julho de 2018

RUA DA FÉ


RUA DA FÉ

É um prazer a sua visão, como é aliás habitual nos espectáculos do Intervalo. 

Música de várias origens mas sempre da que apreciamos - do Tony de Matos a Tito Paris e a José Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco, de Bizet a Kurt Weil / Bertold Brecht ! Bela direcção musical
Um final à Intervalo, como o Armando Caldas gosta, com uma marcha empolgante, com música de Luís Macedo e letra de Tavares Marques.



A FICHA TÉCNICA

Direcção Musical: Luís Macedo

Intérpretes:
(por ordem de entrada em cena) 
Fernando Tavares Marques
João José Castro
Miguel de Almeida
Miguel Partidário
Rita Bicho
Cristina Miranda
José Coelho 


Ficha Técnica e Artística:

Rafael Azevedo (Piano)
Sané (Conga)
André de Melo (Som)
Luis Herlânder (Luz)
Ricardo Fernandes (Design Gráfico)
Dulce Moreira (Produção e Promoção)
Fátima Morais (Administrativa)
Armando Caldas (Direcção Artística) 

50.º ano, 110.º Espectáculo (incluindo 1.º Acto Clube de Teatro)

INTERVALO GRUPO TEATRO
Auditório Municipal Lourdes Norberto
Largo da Pirâmide, 3N 2795-122 Linda-A-Velha
|-- 214 141 739
|-- intervaloteatro@gmail.com






CONCERTO COM MÚSICA RUSSA

CONCERTO DE MÚSICA ERUDITA NO CHIADO, LISBOA 

Noites Russas: Mikhail Glinka (1804-1857), Modest Mussorgski (1839-1881), Piotr Iliitch Tchaikovski (1840-1893), Aleksander Glazunov (1865-1936), Nicolai Rimski-Korsakov (1844-1908), Serguei Prokoviev (1891-1953), Aleksandr Borodin (1833-1887), referidos pela ordem em que as suas obras foram tocadas neste concerto. 

Admirados porque nos presentes não constar um dos maiores compositores da História da Música, Dmitri Chostakovich (1906-1975)? 

Eu não, dados os organizadores... 

Mas ao menos podiam ter tocado a sua Valsa Nr.2... Aquela (lembram-se?) que um grande mestre da 7ª Arte, Stanley Kubrick, utilizou com enorme magia em "De Olhos Bem Fechados", sua derradeira obra-prima (Posso rir?). 

O concerto terminou com as belíssimas Danças Polovtsianas do Príncipe Igor e não podia ter fechado melhor! Belas e entusiasmantes! 

A foto foi feita pela Dolores Pereira (João Ramos). Ficámos todos num canto que só dava para ouvir e muito pouco para ver (e um concerto de música também tem muito para ver!) 

OBS: e, claro, que relembrámos o maravilhoso concerto de Música Soviética, numa Festa do Avante recente. 

Mas isso é "outra música", organizada com mais saber e cuidado...


35º FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA (III) - Breves Notas (II)


No 35º festival de Almada


Breves Notas (continuação)


(IV) ESTADO DE SÍTIO



Ao longo de muitas temporadas vimos em Almada grandes espectáculos de Teatro, do melhor que se fez na Europa e não só. 

Nos últimos anos, devido aos sucessivos atentados cometidos pelo capital contra a Cultura, que os governos por ele dirigidos se apressam a cumprir escrupulosamente, a qualidade geral ressentiu-se, mas mesmo assim ainda aconteceu um ou outro momento do grande Teatro que amamos. 


Quando puder gostaria de dizer qualquer coisa sobre isso, muito modestamente, do ponto de vista de um vulgar espectador embora apaixonado, mas fica desde já aqui registado o que achei melhor entre o que pude ver, que foi a encenação de Emmanuel Demarcy-Mota para o belíssimo texto de Albert Camus, Estado de Sítio, publicado em 1948, de profundo significado político, de denúncia do nazismo e dos seus programados assassínios em massa, utilizando para o efeito a tecnologia de ponta da poderosa indústria alemã. O nazi-fascismo havia sido derrotado em 1945, mas restavam ainda na Europa a Espanha e Portugal com governos fascistas que escaparam à derrota por razões políticas conhecidas - o receio das grandes potências europeias (com governos de direita) que os povos desses países, ansiosos de liberdade e democracia, apoiassem regimes socialistas. Por isso Camus faz passar a acção da sua peça em Cádis, no Sul de Espanha, o que então danou a direita daquele país.


Belíssimo espectáculo por todas as razões e porque não é negativo. Questionei amigos que viram quase tudo e concordaram que foi o melhor que viram.

"Julgaste que tudo se podia resumir em números e fórmulas! Mas, na tua bela nomenclatura, esqueceste a rosa selvagem, os sinais do céu, os rostos de Verão, a grande voz do mar, os momentos de angústia e a cólera dos homens! " 

(Diego para a secretária da Peste, isto é, do fascismo, em Estado de Sítio, de Albert Camus, encenado por Emanuel Demarcy-Mota para o Théatre de la Ville, Paris) 

Com o belo texto de Albert Camus, de 1948, contra o fascismo, publicado depois da derrota do nazi-fascismo, mas com o horror ainda a prolongar-se na Península Ibérica, até 74/75, com os fascistas Franco e Salazar e depois Marcelo Caetano e na sua Argélia natal o colonialismo francês que ainda duraria mais uma década com um grande sofrimento para o povo argelino em luta pela sua independência e liberdade. 

Demarcy-Mota cria esta magnífica encenação como um brado de alerta contra o fascismo que renasce na Europa, da Ucrânia à sua França com a Marine Le Pen e governada por uma direita perigosa (Macron) que pode abrir o caminho ao pior.







(V) "Actriz", texto e encenação de Pascal Rambert, com Marina Hands no papel principal entre 14 actores (a grande actriz do excepcional filme Lady Chatterley (2006), da cineasta francesa Pascale Ferran).



Escrito para os actores vê-se com muito prazer. Excelente. E Marina Hands, que deslumbrou no cinema na figura de Lady Chatterley, tem neste espectáculo outro belíssimo desempenho.



Visto no Teatro Nacional D.Maria II, no âmbito do Festival de Teatro de Almada. Falado em francês, mas com legendas projectadas no palco com muito boa visibilidade e dado que a complexidade linguística das falas não é muito grande torna-se muito fácil de acompanhar para quem não conheça bem a língua francesa. Todos os espectáculos em língua estrangeira deste Festival são legendados e já se ultrapassou a fase em que a sincronização não era famosa. Neste e noutros espectáculos que vimos esteve impecável.








(VI) A SONÂMBULA, baseado na ópera homónima de Bellini 

Falado em alemão parcialmente legendado, com algumas falas em inglês (o trompetista norte-americano, aliás co-autor do melhor da peça, com as árias cantadas). 

Sem dúvida interessante embora por vezes se tornasse irritante a mistura de sons, alguns levados ao paroxismo, levando até ao abandono da sala por vários espectadores e a alguma divisão do público no final. Consequências do querer fazer diferente e ser moderno o que nem sempre resulta. No entanto a beleza da música, isto é, dos trechos que se conseguem ouvir, do Bellini, segura parte do espectáculo. 

Não podemos esquecer aquelas cenas de humor que nos fazem sorrir, às vezes no limite da quase gargalhada, desencadeadas a partir das confusões no libreto original, resultantes do sonambulismo da personagem principal, a noiva e até que tudo se esclareça na intriga que Bellini utilizou e o encenador prosseguiu.


(VII) BREVÍSSIMA CONCLUSÃO

"A peça "Dr. Nest", da companhia alemã Familie Floz, foi eleita quarta-feira pelo público o Espectáculo de Honra do 35.º Festival de Almada, regressando na edição de 2019. 

Em segundo lugar ficou "A alegria", do italiano Pippo Delbono, e, em terceiro, "Bonecos de luz", da Companhia de Teatro de Almada (CTA), anfitriã do certame, que terminou quarta-feira à noite. 

Votaram 437 pessoas do público que assistiu quarta-feira à noite à peça "Federico García", que fechou o certame, a decorrer desde o passado dia 04." (Agência Lusa) 

Comentário: De fora da votação ficaram como habitualmente os espectáculos mais caros e este ano possivelmente os melhores, a que pude felizmente assistir por serem mais perto de casa. Ainda tive a expectativa de que seria finalmente este ano um "espectáculo da casa" o eleito, que aliás em minha opinião era muito bom. Esteve perto...
Fica o grande lamento de ter falhado muita coisa principalmente por falta de capacidade para as deslocações. 
As opiniões que ouvi dos amigos sobre o que viram foram muito díspares, mas isso é habitual. Os gostos, as sensibilidades e os interesses divergem: o que para alguns foi muito bom para outros foi fraco. 
Aqueles espectáculos em que a relação com o Cinema era grande também gostaria de não ter perdido. Comentários mais detalhados tenciono fazê-los quando tiver tempo e condições para isso.
E espero ainda ir ao 36º!






35º FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA (II) - Breves Notas (I)



No 35º Festival

Breve notas sobre alguns dos espectáculos vistos

Por ordem cronológica das visões

NO 35º FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA 

(I) Este ano começou com "APRE", um "melodrama burlesco" sem palavras, que o público do Festival do ano passado escolheu como Espectáculo de Honra para 2018. 
Para nós todavia o Festival este ano vai começar deste lado do rio, no Teatro da Politécnica, para conhecermos mais um dramaturgo norueguês, Arne Lygre (Bergen, 1968), com "Nada de Mim", encenado pelo Pedro Jordão. 

Teatro Norueguês que apreciamos desde a sua figura maior, e um dos grandes de sempre, Henryk Ibsen. A propósito, nas muitas edições deste magnífico festival, que chegou a ser considerado como do melhor que se fazia na Europa (e continua apesar de todas as dificuldades dos últimos anos...), lembro um espectáculo, em 2006, também com texto de um norueguês, Jesper Halle, e encenado por Franzisca Aarflot, "A Mata", que então nos deixou a memória de um dos espectáculos mais conseguidos que vimos em Almada, e por isso está na lista dos que mais nos agradaram desde sempre.
(um abraço ao João Silveira-Ramos e à Dolores Pereira, que estão na foto que fiz em Almada no decurso talvez do 29º Festival e que nos acompanharão também este ano, num e noutro dos espectáculos que esperamos ver ). E espero dar conta aos amigos facebookianos daquilo que vir e mais gostar. Espero que seja muito... (se a forma física deixar...)

NADA DE MIM


Houve teatro! No Festival Internacional de Teatro de Almada: "Nada de Mim", de Arne Lygre, da moderna dramaturgia nórdica, pelos Artistas Unidos, na sua casa, no Teatro da Politécnica. Norueguesa, em particular. 



Quando tiver tempo gostaria de comentar aqui (ou no blogue) para os amigos facebookianos, porque houve aspectos que me impressionaram, que me fizeram pensar e isso é positivo. 



"(...) Nunca te encontraram. Procuraram-te durante dois dias. Os mergulhadores trabalham por turnos, mas, como se trata de uma pessoa morta que tentam trazer para terra, não podem continuar indefinidamente. Ficámos sem nenhum túmulo para visitar. O teu corpo decompõe-se na água do mar e é absorvido. (...)"







(II) BONECOS DE LUZ, de Romeu Correia, dramaturgia e encenação de Rodrigo Francisco, para a Companhia de Teatro de Almada 



Maravilhoso e magnífico espectáculo, daqueles que nos fazem amar o Teatro! 



Faço minhas as palavras que li há dias e quando tiver tempo ajuntarei mais alguma coisa, se disso for capaz (para aqui ou para o meu blogue): 



"Ainda no âmbito das comemorações do centenário de nascimento de Romeu Correia, e com o patrocínio da Câmara Municipal, a Companhia de Teatro de Almada, com uma brilhante encenação e adaptação teatral de Rodrigo Francisco, montou no Fórum Municipal Romeu Correia/Auditório Fernando Lopes-Graça, Bonecos de Luz, a partir do romance do autor de Sábado Sem Sol. De Romeu Correia, a mesma Companhia montou, numa encenação de Joaquim Benite, a peça Tempos Difíceis, que atingiu mais de cem representações. 



Bonecos de Luz, esse brilhante e lírico romance das seduções da infância, sobre as incursões rendidas de um rapaz pelo mundo mágico dos bonecos animados, é um dos mais belos, pícaros e nostálgicos livros, a par de As Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira, que a nossa literatura produziu no século XX." (Domingos Lobo, em Romeu Correia - O vagabundo com mãos de povo, no Avante!)






(III) 

BELA HOMENAGEM A UMA GRANDE ACTRIZ! Mas é também da Mulher de quem gostamos, sentimento que se cimentou nos últimos anos nas actividades em que a vimos participar, já apenas como mulher solidária com companheiros e amigos de profissão. Embora esse aspecto nem seja referido nesta Homenagem, que conta com a participação admirável de outra grande Actriz de quem gostamos muito, Natália Luíza. Com enenação de Diogo Infante.

Agora é só uma pequena nota de gosto a mais um espectáculo integrado no Festival de Teatro de Almada. Mas a ele voltarei, espero.



(continua)

35º FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA (I) - Fotografias

No 35º Festival

Algumas fotos feitas pelo próprio, incluindo as sobre as belíssimas instalações / exposições de José Manuel Castanheira: um enorme fascínio o dos nomes e dos retratos de tantos artistas que trabalharam com a Companhia de Teatro de Almada e com o Festival, muitos deles que infelizmente já nos deixaram, outros a quem perdemos o rasto.