Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

segunda-feira, 17 de julho de 2017

34º FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA



NOTAS DE UM MUITO MODESTO ESPECTADOR DE FESTIVAL

Depois de GOLEM - espectáculo audio-visual, com actores e músicos reais, muito interessante, pertinente nota de alarme sobre os efeitos das modernas tecnologias na vida dos humanos, a merecer comentário e reflexão, 



veio o VANGELO (Evangelho), de Pippo Delbono - muito pessoal, como de resto toda a sua obra, muito discutível por vezes, mas o que mais apreciamos nele e nos faz simpatizar com o seu autor, é o brado de revolta que ele transmite contra o papel negativo das religiões nas discriminações sociais, no racismo em particular, desde as cruzadas, passando pela inquisição (ver a cena quase final dos jurados ou juízes encapuçados, que também lembra o ku-klux-klan (que são religiosos, também)) e pelos nazi-fascismos (também católicos). 

Delbono não se esqueceu de referir a questão actual e fundamental dos milhões de refugiados das guerras que o imperialismo tem desencadeado já no século XXI, milhões de seres humanos que fogem dos seus países que foram e estão a ser atacados, invadidos e fortemente destruídos pelas forças imperialistas da NATO e da UE, e que os países das forças invasoras desprezam e não querem receber, expulsando-os ou deixando-os perecer. Sempre com políticos religiosos, em geral católicos - marine le pen, trump, etc, à frente dos mais radicais contra o apoio aos refugiados.



Mas HEDDA GABLER, de Ibsen, encenado pela actriz e encenadora norueguesa, Juni Dahr, espectáculo de honra vindo do ano passado, admiravelmente encenado e interpretado, continua bem no topo das preferências (minhas, obviamente).




E ainda no festival deste ano não esquecer, dentro das Artes de Palco, o magnífico "A PERNA ESQUERDA DE TCHAIKOVSKI", misto de dança e teatro. 




Mas ainda irei à procura de ver mais qualquer coisa que me interesse, que pode ser um espectáculo muito simples mas que contenha aquela às vezes indefinível magia que tanto nos faz gostar do teatro, mas que às vezes não é fácil de encontrar.


(Texto baseado em minha nota de facebook, mas tenciono escrever um pouco mais sobre GOLEM e VANGELO)

ADENDA sobre VANGELO, de Pippo Delbono

Em resposta a um comentário de um amigo:


"Agora julgo ter percebido melhor a tua opinião... posso rir? Mas já que me perguntas: para mim as religiões, ou melhor, a católica, é de facto acusada (neste Vangelo) de um sem número de crimes, o que os católicos não devem apreciar (mas não os cometeu?). Nisso estou de acordo com o autor. 
O que achei acima de tudo discutível é que Delbono nunca se aproximou de uma resposta progressista, que não é obviamente um Jesus Cristo Superstar, por muito que eu admire o homem bom e rebelde que julgo ter sido, como o descreveu aliás o Pier Paolo Pasolini (também citado por Pippo Delbono), num dos seus mais belos filmes, esse outro Vangelo mas segundo Mateus. 
Lamento também que no final ele tenha posto a figura da Mãe, num leito de hospital, no fim da vida portanto, parecendo-me a mim uma representação do Buda, religião que Delbono seguiu e julgo que continua, mas cujos representantes máximos (Dalai Lama) também deixam muito a desejar... Todavia pareceu-me a obra, com todas as suas limitações, e ambiguidade, um discurso sincero de alguém revoltado e até ferido com o comportamento das igrejas, nomeadamente a católica. Mas não será esta a mais culpada de todas? 
São quase comoventes os momentos em que leva, fraternalmente, os actores que lhe são muito caros e o têm acompanhado ao longo da carreira- Bobó e o que representa Cristo, num símbolo óbvio daqueles que a sociedade burguesa despreza e até quer destruir se puder (no fascismo). Por agora fico por aqui mas prometo escrever o texto, talvez no blogue para quem quiser ler... Abração

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