Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sexta-feira, 2 de junho de 2017

EU NÃO SOU O TEU NEGRO (I AM NOT YOUR NEGRO), de RAOUL PECK



Só uma pequeníssima nota do muito que haveria a dizer sobre mais uma obra notável do realizador haitiano, RAOUL PECK (Port-au-Prince, 1953), um homem de cultura, autor de "LUMUMBA" e de "O JOVEM KARL MARX", este último filme da sessão de gala no Festival de Berlim e que víramos com muito interesse há dias e do facto demos notícia aos amigos. 

Esta nova obra, "I AM NOT YOUR NEGRO" baseia-se nas notas deixadas pelo escritor e activista dos direitos cívicos nos EUA, JAMES BALDWIN (1924-1987), que pretendia escrever uma obra sobre a luta anti-racista no seu país, homenageando simultâneamente três grandes dirigentes negros assassinados, Medgar Evers, Malcom X e Martin Luther King, que foram seus amigos e companheiros de luta. 

Repositório tremendo do que tem sido a luta pelos direitos cívicos nos EUA e continua muito actual, dado o retrocesso civilizacional naquele país e no mundo capitalista, responsável pelo crescimento da extrema-direita, do racismo e da xenofobia, como também na actual união europeia. 

Medgar Evers, foi o primeiro a ser assassinado, como sempre por um activista de direita, membro da Ku Klux Klan, Byron De Le Beckwith, que no entanto escapou à justiça durante 30 anos, só vindo a ser julgado e condenado pelo crime em 1994 (!!!). 

Impressionante o relatório do FBI sobre James Baldwin, essa tenebrosa instituição então dirigida pelo famoso, pelas piores razões, Edgar G. Hoover. 

Na actualidade dos textos e discursos de Baldwin (alguns na voz de Samuel L.Jackson) refira-se a sua afirmação de que tudo está nas mãos do povo norte-americano. Sabemos o que isso significa de necessidade de luta organizada e de esclarecimento de uma população que o é muito pouco. 

Curiosidade pelo surgimento nas imagens de actores famosos, apoiantes das causas cívicas, entre os quais, um dos que traiu ideais e companheiros, Charlton Heston, aliás mau actor, que viria a mudar de barricada e a tornar-se presidente da NRA (National Riffle Association), activista contra o aborto, apoiante de Reagan e dos Bush. 

Haveria muito a acrescentar sobre esta magnífica obra de Raoul Peck, mas não havendo aqui e agora nem tempo nem espaço fica a fortíssima sugestão aos amigos facebookianos para não a perderem. 
Vi no Cinema Ideal, ao Camões, em Lisboa. 

Às imagens que juntei adicionei a do jornalista Mumia Abu Jamal, que embora não seja citado na obra, é uma das vítimas da perseguição racista nos EUA, continuando preso.








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