Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

LES BEAUX JOURS D' ARANJUEZ (Os Belos Dias de Aranjuez), de Wim Wenders

Não se pode esperar que esta recentíssima obra de Wim Wenders, estreada no Festival de Cinema de Veneza deste ano, venha a ter grande sucesso junto do público ou da crítica dominante. 

No entanto trata-se de um filme belíssimo para quem aprecie a chamada Sétima Arte. 
É que Wim Wenders pegou num texto quase abstracto, escrito para o teatro pelo dramaturgo alemão Peter Handke, seu velho conhecido. E o resultado é puro fascínio, com os dois principais personagens, uma mulher e um homem, Sophie Semin e Reda Kateb, conversando perante nós enquanto a câmara se movimenta suavemente. 

Enquanto Sophie fala dos seus amores e desamores, indo até a pormenores da relação física, Kateb descreve a natureza luxuriante que os rodeia, embora nos arredores de Paris mas com memórias do belíssimo parque de Aranjuez. Por ser mais discreto ou porque essa é condição atávica do ser masculino? 

Wenders introduz no entanto uma diferença em relação à peça, porque cria o personagem do escritor (Jenz Harzer) e sendo embora discutível o que vemos, para mim o casal é apenas imaginação. Harzer vai pontuando a peça com músicas tocadas numa velha juke box e numa delas surge até ao vivo Nick Cave, numa das suas mais emblemáticas canções, tocando piano e cantando.

E para finalizar é o próprio Peter Handke, o dramaturgo,  que surge em silhueta no jardim, aparando as sebes.

Belíssima obra que suscita vontade de a rever. A dicção dos actores é aliás espantosa.

Adenda: 
Sophie Semin a bela e magnífica actriz desta obra é a companheira de Peter Handke, o escritor, dramaturgo e cineasta autor da peça original e que aliás surge também num pequeno papel, numa homenagem de Wim Wenders! 
Handke teve, no final dos anos 90, a coragem de se manifestar publicamente contra o ataque, a invasão e a destruição da Jugoslávia pela NATO, ataque que causou milhares de vítimas numa agressão que se manteve até à conquista dos Balcãs como nova área de influência do imperialismo norte-americano e dos seus acólitos europeus. Não tenho seguido a sua trajectória política e social mas esse facto torna-o ainda mais credor da nossa admiração.






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