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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sábado, 9 de julho de 2016

CARMEN, de Prosper Mérimée e Georges Bizet, encenado por Armando Caldas



CARMEN, de Prosper Mérimée e Georges Bizet, com dramaturgia e encenação de Armando Caldas, tradução literária de Dulce Moreira, para o Intervalo Grupo de Teatro

Como habitualmente o Intervalo, pela mão do seu director e encenador principal, oferece-nos o que gostaríamos de designar, sem que isso signifique menoridade, de um "divertimento" de Verão, para simultaneamente apresentar o programa da sua Semana Cultural, a realizar em Outubro.

Desta vez não se trata das crónicas e da poesia de escárnio e maldizer, com que o Intervalo nos tem brindado nos últimos anos, para grande prazer nosso, mas sim de um delicioso resumo de uma das obras mais famosas do repertório operático clássico e um dos seus maiores sucessos de público. 

A Carmen, baseada na novela de Prosper Mérimée (Paris, 28-Set-1803 - Cannes, 23-Set-1870), escrita em 1845 e publicada dois anos depois, que Georges Bizet (Paris, 25-Out-1838 - Bougival, 3-Jun-1875) transformou em ópera, em 1875. 

Mas este super-dotado compositor não viria a conhecer o sucesso do seu trabalho, pois a estreia foi atribulada, com a grande burguesia a reagir violentamente contra o libreto e a crítica a vomitar insultos, e o grande músico viria a falecer pouco depois. 

"O carácter transgressor da protagonista provocou severas críticas na estreia da ópera, em Março de 1875. A aclamação popular só aconteceu em Outubro daquele ano, quando foi encenada em Viena, sob os aplausos de Brahms, Wagner, Tchaikovsky e Nietzsche. Porém, Bizet, que havia morrido em Julho, não pôde ver o sucesso da sua obra, que teria uma volta triunfal aos palcos de Paris em 1883" (da Wikipédia)

Com os limitados meios de que dispõe o Intervalo Grupo de Teatro faz maravilhas. O que mais uma vez aconteceu, fazendo sobressair os magníficos talentos vários das suas actrizes e actores, que cantam, dançam e representam, e de novo os belíssimos cenários de um artista e cenarista consagrado, António Casimiro. 

Um "divertimento" quase brilhante, que nos deu um grande prazer. Não desejando destacar nomes num trabalho colectivo que sempre nos surpreende, desta vez não poderei deixar de citar a protagonista principal, Cristina Miranda, que canta e interpreta magnificamente a bela Carmen e, num outro registo, Miguel de Almeida, num Escamillo, El toreador, por quem Carmen se apaixona e será a causa do desenlace fatal, actor que uma vez mais demonstra a sua versatilidade, aqui num desempenho que nos faz sorrir. Não sendo versado em touros devo reconhecer que a sua faena impressiona...

Deve citar-se que o Maestro João Paulo Santos participou nos ensaios, nomeadamente do acompanhamento musical ao vivo: piano tocado por Marina Dellalyan.

Sobre a personagem principal, a bela Carmen de sangue cigano, não vou acrescentar mais nada já que se trata de uma figura de todos conhecida e que de certo modo também é um mito da luta pela emancipação feminina, na sua vontade de se equiparar ao homem, na sua vontade de não se deixar dominar e poder exprimir livremente os seus desejos. 

Foi em meados do século XIX que a novela foi escrita e depois a ópera se estreou e um longo caminho foi, e continua, a ser percorrido no que diz respeito ao fim da subalternização feminina numa sociedade ainda dominada pelos homens em grande parte do mundo. 

Não esquecendo no entanto nunca as sociedades em que a igualdade foi instituída, por razões sociais e políticas, desde 1917, apesar de alguns, e grandes às vezes, recuos desde então, resultantes dos retrocessos políticos verificados 

Se puderem não percam! 



Adenda:

"Resumo do 4º acto: Em Sevilha, frente à praça de touros, uma multidão espera a chegada dos toureiros. Os vendedores aproveitam a ocasião para oferecer os seus produtos ao público. Aparece então a quadrilha e atrás dela, Escamillo e Carmen. À entrada do toureiro na praça de touros, Mercedes e Frasquita avisam a cigana da presença de Don José, mas ela mostra não ter medo de se encontrar com o seu antigo amante. A seguir, Don José retém Carmen quando tenta entrar na praça, suplicando-lhe que volte com ele. Ela responde-lhe que o seu amor por ele acabou. Do interior da praça soam as vivas a Escamillo. O desertor tenta deter com violência a cigana, mas ela atira-lhe despeitadamente o anel que ele lhe tinha oferecido. Em fúria, Don José enfia uma faca na barriga de Carmen. A multidão que vai saindo da praça assiste à terrível cena. Don José, cheio de tristeza, cai de joelhos junto ao corpo de sua amada Carmen" (na wikipedia)



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