MONTANHA, de João Salaviza
Obra bela e agreste
Atravessar a adolescência é quase sempre subir a uma montanha, entre escolhos e veredas muitas vezes difíceis de ultrapassar, até descobrir novos horizontes.
Mas muito mais complicado se torna quando se vive nas margens de uma sociedade em período de declínio, em que os horizontes e as esperanças estão reduzidos ao mínimo (de súbito renascem as esperanças, em Portugal, hoje, mas o filme ainda o não sabia).
Sabemos, julgo eu, como os exemplos a as lições aprendidas nessa fase crucial da vida são importantes para a formação do carácter, por isso quase sempre com reflexo no resto da vida. A primeira longa-metragem deste jovem cineasta faz-nos pensar nisto e isso já é um mérito.
Acresce que o faz utilizando uma linguagem um pouco rara de ver no grande ecrã, embora ele nos fale de duas ou três grandes referências - Nicholas Ray, Robert Bresson, os manos Dardenne, em obras-primas, difíceis mas, por razões compreensíveis, detestadas por muitos...
Não digo que tudo seja perfeito mas algumas cenas de MONTANHA vão ficar na nossa memória cinéfila. Para obra de estreia é notável!
(publicado no Facebook e Cartaz de Cinema do Público)
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