ARDENTE PACIÊNCIA (Ardiente Paciencia), de Antonio Skármeta
Julgo que muito poucos amigos/as, mesmo os que são cinéfilos (até alguns serão "ratos de cinemateca" - sem nenhum sentido perjorativo, bem pelo contrário!) conhecerão este belíssimo filme, homenagem ao grande poeta Pablo Neruda, Nobel da Literatura, que o celebrado escritor chileno Antonio Skármeta, autor do romance homónimo, também conhecido por O CARTEIRO DE PABLO NERUDA, realizou ele próprio em Portugal, com alguns actores profissionais e muitos amadores sem experiência, quase todos chilenos no exílio, como Skármeta, saídos do Chile depois do golpe fascista da CIA e de Pinochet, em Setembro de 1973, que levou ao assassínio do Presidente Salvador Allende e de milhares de patriotas chilenos.
A obra foi realizada em Portugal em 1983, com colaboração de técnicos portugueses e produzida por Henrique Espírito Santo, um dos grandes nomes do cinema português. Muito mais perto do romance original de Skármeta que a obra homónima que o cineasta inglês Michael Radford haveria de transformar num dos maiores sucessos comerciais de obras de qualidade (mais de 2 anos de exibição ininterrupta no saudoso Cinema Mundial, em Lisboa).
A obra de Skármeta tem no entanto uma autenticidade, de que resulta também uma enorme beleza, que o cinema comercial raramente consegue atingir por muitos méritos que tenha o filme de Radford.
O realizador Antonio Skármeta e o produtor Henrique Espírito Santo procuraram encontrar nas belas e agrestes paisagens da nossa costa, algures entre a Figueira da Foz e Mira, algo que conseguisse reproduzir a Isla Negra, onde Neruda viveu grande parte da sua vida (filmar no Chile dominado pelos fascistas seria obviamente impossível). E julgo que ficaram satisfeitos com o resultado.
Se alguma vez conseguirem ver este admirável ARDIENTE PACIENCIA não percam. Belo e trágico. Realista e emocionante.
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