Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 4 de março de 2015

YVONE KANE



YVONE KANE, de Margarida Cardoso

Depois do excelente A Costa dos Murmúrios, baseado no romance de Lídia Jorge, uma nova obra, muito interessante e principalmente magnificamente realizada e interpretada (Beatriz Batarda e Irene Ravache são brilhantes). Com argumento da realizadora.

Memória dos tempos da Luta Anti-Colonial e do que aconteceu depois, a partir da independência, dos novos e velhos inimigos, das desistências e das traições. Como linguagem é, em minha opinião, excepcional

Tenho muita pena de já não poder ouvir aqueles críticos de cinema que me ajudaram a formar opinião, revelando-me a arte das imagens, como por exemplo os saudosos Manuel Machado da Luz (Seara Nova e outros) e Rodrigues da Silva (principalmente no Jornal de Letras) e saber o que diriam desta belíssima, do ponto de vista cinematográfico principalmente, obra de Margarida Cardoso. 

Ela colocou as suas personagens na época do fim do império colonial português, quando ele foi estrondosamente derrotado pelos movimentos de libertação, e um pouco mais tarde quando se verificou que as revoluções sonhadas não tinham conseguido vencer, tendo ficado apenas as independências, difíceis e cheias de escolhos, num mundo hostil, dominado por novos imperialismos, que pretendiam dominar aquele novo mundo surgido da derrota do velho colonialismo.

Foi assim na Ásia, na Oceania e principalmente em África, já que nas Américas o colonialismo português havia sucumbido há muito.

Margarida Cardoso nunca refere explicitamente Moçambique (embora tenha filmado lá e isso nota-se), porque julgo que quis ver a questão mais em geral, em relação à luta anti-colonial em África e da sua influência em alguns seres humanos que atravessaram esses tempos. Talvez como ela própria, que nasceu em Tomar, em 1963, mas foi com os pais para Moçambique e regressou a Portugal com 11 anos. 



E sobre essa época há duas obras lidas há pouco que considero fundamentais para a entender melhor, que são "No Percurso das Guerras Coloniais - 1961-1969" e "Angola, Os Anos Dourados do Colonialismo - A Insurreição", ambas escritas pelo médico e ex-combatente, Mário Moutinho de Pádua, baseado na sua experiência ímpar, na guerra e na luta anti-colonial.

Não deixem de as ler. E já agora de ver o filme.

Quanto aos países que se libertaram a partir de 1974 e alguns muito antes, continuam felizmente, embora a Luta Continua, como a cantou Miriam Makeba. seja uma palavra de ordem para os povos, que mantém toda a sua actualidade.

NOTA: texto publicado inicialmente no Facebook

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