Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

TRILOGIA DE APU (2)

O MELHOR de CINEMA e de OUTROS EVENTOS de CULTURA em 2006

Nº 39/06_18SET06

Conforme já várias vezes escrito, estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida exclusivamente aos amigos, e não são CRÍTICA DE CINEMA! Muito menos de Teatro…

“Aparajito” (O Invicto), de Satyajit Ray (ÍNDIA) (1956) ***** (5)

A segunda parte da obra prima “Trilogia de Apu”, descreve a passagem de Apu da infância à adolescência. Não quero contar agora a história, apenas lembrar que a trilogia encerrará no dia 23 no mesmo local.
Mas não se pode deixar de salientar a emoção com que se assiste a este belíssimo filme do grande mestre indiano, ainda hoje, cinquenta anos depois, e com tanto o que se passou entretanto na história do mundo, num século (o XX) riquíssimo de acontecimentos determinantes na história da Humanidade, com enormes avanços (e também recuos) em todos os aspectos.
Contado com a serenidade que só os grandes criadores conseguem, sem imagens a mais, apenas o necessário para transmitir de uma maneira extremamente bela e comovente a história deste jovem num país imenso, de uma cultura e sabedoria milenares, mas cheio de contradições, de enormes desigualdades sociais, que persistem apesar dos esforços de muitos para as minorar.



Há meia dúzia de cenas neste filme que, pela sua grandeza, pela sua beleza, apesar de trágicas, fazem parte do nosso imaginário. A delicadeza que ressalta do pagamento dos fiéis que acompanham as pregações do pai, em Benares; a morte deste, uma vez mais dada elipticamente; a longa espera da mãe (essa admirável actriz, e muito bela diga-se de passagem, Karuna Bannerjee (1919-2001) (em Sabojaya Ray), que trabalhou com Satyajit Ray mas também com outro grande cineasta indiano Mrinal Sen, entre outros), mãe que, já muito doente, espera pelo filho, vindo de Calcutá onde trabalha e estuda, mas que o comboio que passa ao longe não trará dessa que será para si a última vez. Virá por fim, ao saber da mãe doente, mas tarde demais, outro momento admiravelmente representado e comovente.
Apu voltará desta vez irremediavelmente só para Calcutá, para estudar e trabalhar. A aprendizagem da vida, as etapas da infância e da adolescência, marcadas por trágicos acontecimentos - a morte dos entes mais próximos e mais amados – a irmã, os pais, a mãe em especial,  está ultrapassada. Agora Apu regressa só à grande urbe, Calcutá, para enfrentar a nova etapa, a da passagem à idade adulta, começando pela aquisição do conhecimento, tão querida ao cineasta.

Repito: filme parte de uma obra cimeira da Arte do século XX.

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