Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 30 de julho de 2014

CAIS OESTE, de Bernard-Marie Koltés


NO FESTIVAL DE ALMADA, UMA ESTREIA: 

CAIS OESTE, pela Companhia de Teatro de Almada, com encenação de Ivica Buljan (Sinj, Croácia, Jugoslávia, 1965)

Um cenário muito realista, de um armazém abandonado, sujo e juncado de destroços. Humanos também, sabe-lo-emos depois. Já nem água há por ali, porque alguém a mandou cortar. Uma música repetitiva, obsessiva, incomodativa. 
Eis o espaço e o tempo para o terrível texto (de 1985) de Bernard-Marie Koltés (Metz, 9-Abr-1948 – 15-abr-1989), com o seu pessimismo habitual, onde o desespero sem saída faz surgir o pior da natureza humana, que copia os cânones da sociedade de exploração e racismo, miserável nos princípios, que os afasta para as margens antes de os eliminar. Onde nem uns laivos de amor, de amor físico, conseguem resgatá-los e aproximá-los da condição humana a que tinham direito. 

Difícil de ver, difícil de suportar. Há quem na plateia não aguente e saia.



Apesar de alguns momentos excepcionais, difíceis de esquecer, e de algumas interpretações brilhantes (Teresa Gafeira é uma delas, como sempre, admirável na cena final, quando rola no palco até cair exangue) há a sensação de que o texto poderia ter sido melhor servido: por alguns actores, que falham na dicção, talvez no ritmo, demasiado frenético, tornando o texto quase inintelígivel (pelo menos para mim), e por algumas cenas menos conseguidas. Pelo menos foi o que senti. E é pena, porque prometia muito. 

Esperemos que mais algumas semanas de ensaios permitam limar arestas. Aguardemos por isso por meados de Outubro, aquando da exibição normal desta peça nesta mesma sala. Gostaríamos muito que a CTA mantivesse o seu habitual elevado nível de qualidade nos espectáculos que apresenta. Há vários anos que a acompanhamos quase sem falhas e consideramos admirável o seu repertório e o que dele tem feito. 

Neste caso particular convém salientar que para quem se lembra de “Na Solidão dos Campos de Algodão” (de 1986), no antigo Teatro Aberto, na Praça de Espanha, com Mário Viegas e João Perry no melhor que deles conheço, a expectativa era muito alta!...




Sem comentários:

Enviar um comentário