Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

THE MONUMENTS MEN, de George Clooney

THE MONUMENTS MEN (OS CAÇADORES DE TESOUROS), de George Clooney

O argumento prometia: a tentativa de salvar milhares de obras de arte  das mãos dos nazis alemães, as que tivessem escapado à destruição sistemática que os nazis haviam feito. Operação de resgate levada a cabo por um comando designado por “The Monuments Men”, na fase final da 2ª Grande Guerra Mundial (1938-1945), quando os exércitos alemães já recuavam, acossados pelos exércitos libertadores.

Embora parcialmente este objectivo tivesse sido conseguido,  nunca esqueceremos que os fascistas, para além dos crimes contra a Humanidade cometidos, que resultaram no extermínio programado de milhões de pessoas, destruíram também milhares de obras, algumas das quais obras-primas do património universal, apenas porque não lhes agradavam os autores ou porque, segundo o gosto dessa gente - conservador, tosco, medíocre, seriam, para eles “arte degenerada”... E algumas dessas obras só escaparam porque os fascistas  pretendiam fazer dinheiro com a sua venda a coleccionadores...

Também nunca esqueceremos que o governo português de então, conduzido por um católico, o fascista Salazar, se tornou coo-responsável, pelo apoio dado aos regimes fascistas, a começar por Espanha e parte do ouro roubado às vítimas do extermínio (Holocausto) terá vindo parar ao Banco de Portugal.

Mas o filme não se vê com a emoção que o tema deveria suscitar para quem ama a Liberdade e a Democracia, e uma das razões, em minha opinião, é porque por vezes é algo ambíguo, surgindo aos olhos dos espectadores, quase como uma “americanada”, em que a competição nesse resgate, passa depois a ser com o Exército Vermelho. E a ambiguidade principal da obra reside no facto de a acção decisiva da URSS na derrota dos nazis ser escamoteada, o que para um público desinformado passa como fazendo parte do discurso oficial... mesmo não o sendo. E, curiosamente, do comando que procura resgatar as obras de arte da posse dos nazis, afinal os mortos foram europeus... como não deixa de sublinhar o argumento.

“The Monuments Men” está longe da grande qualidade da obra de Clooney sobre o mccarthismo, “Good Night, and Good Luck”. E também não tem a grandeza de outras obras do género realizadas nos estúdios norte-americanos, sobre a luta contra os nazis, como os famosos, e magníficos, realizados por grandes cineastas, “The Dirty Dozen” (Doze Indomáveis Patifes) (1967), de Robert Aldrich ou “Escape to Victory” (1981), de John Huston.

A crítica ainda referiu, como termo de comparação, a excelente série de filmes de Steven Soderbergh “Ocean’s Eleven”, Twelve, etc, hiato de divertimento no conjunto da obra, mais séria, deste cineasta, e desta vez concordo: a obra de Clooney, mesmo entendida como filme de aventuras, está uns furos abaixo.


Mas obviamente é uma obra a ver, superior ao que em geral por aí corre nos ecrãs da cidade, e até pelas eventuais críticas que suscita no espectador.

Nota à posteriori: os recentes, lamentáveis e vergonhosos episódios da tentativa de venda clandestina dos quadros de Juan Miró, pertencentes ao património do Estado via nacionalização do BPN, venda por decisão do governo de Passos Coelho, Portas e Cavaco, fez lembrar a anti-cultura dos nazis, que está na origem do filme de Clooney, ao ouvirmos a audição e as justificações do "encarregado da cultura" deste governo...


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