Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

NEBRASKA, de Alexander payne

NEBRASKA, de Alexander Payne

Uma surpreendente obra, pela realização a preto e branco, com particular utilização dos grandes planos dos rostos das personagens e, principalmente pelo realista retrato de uma população envelhecida, enfraquecida, desiludida, mesmo entre  alguns, ainda mais ou menos jovens (trintões), desempregados, ou com empregos de ocasião, quase todos tendo no álcool um refúgio e lenitivo.

E alguns, os mais velhos, acreditando nas patranhas dos sorteios, dos milionários surgindo do nada através dos jogos de azar, num país em que os milionários abundam mas por outras razões - a exploração de milhões, dos quais eles fazem parte. Sonhos impossíveis numa sociedade de mentira. Pai e filho percorrem milhares de quilómetros, entre Billings (Montana) e Lincoln, para ir em busca de um desses sonhos, de uma fortuna falsamente sugerida pelo marketing, que quer vender a qualquer preço, ainda que o filho, mais jovem, saiba que se trata de um logro, mas não tem coragem para destruir o último sonho daquele homem envelhecido e frustrado. Grandes interpretações de Bruce Dern (pai), Will Forte (filho mais novo) e June Squibb (mãe) e mais alguns magníficos secundários.

Ao verificar que a obra de Payne se passa em parte em Madison County, mas no estado de Nebraska, fez-nos recordar o contraste com uma obra célebre, “As Pontes de Madison County”, de Clint Eastwood, aliás, em minha opinião, um dos bons filmes desse realizador, que nele contracenou com Meryl Streep, numa das obras românticas mais conseguidas das últimas décadas, no Iowa, não sendo aliás os dois locais muito afastados.

Preto e branco versus cor. Desalento versus romantismo. Duas facetas opostas da arte das imagens - o Cinema, em cenários distintos, embora com o mesmo nome e não muito afastados. Fotografado por dois homens decerto diferentes, até em idade, um relativamente jovem (Payne: 1961), um relativamente velho (Eastwood: 1930). Com objectivos diversos, também.  Da crítica social, obviamente. Mais realista e preocupada a do jovem, porque não se conforma, julgo.



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