Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PATRICE CHÉREAU - IN MEMORIAM



IN MEMORIAM

Ainda estava, infelizmente, fora de casa quando soube do falecimento deste grande criador de arte, PATRICE CHÉREAU (Lézigné, França, 2-Nov-1944 – 7-Out-2013). 

Distinguiu-se principalmente como encenador, de teatro e ópera e realizador de cinema. Provavelmente a sua obra não é consensual, como o parece indicar a posição da crítica dos jornais dominantes portugueses, mas, do que conhecemos, sempre nos impressionou fortemente pela sua qualidade e inovação.

Como forma de homenagem pessoal relembro a sua passagem pelos ecrãs e palcos portugueses com duas pequenas notas então escritas. 

Curiosamente, fruto talvez de a sua obra não ser apreciada por alguns, a última das suas passagens pelo nosso país, no Festival de Teatro de Almada, reconhecidamente considerado um dos três melhores da Europa, nem sequer foi citada, pelo menos num dos dois jornais dominantes que me passou pelas mãos... 

Foi a visualmente fortíssima encenação de “EU SOU O VENTO” (I AM THE WIND), de Jon Fosse (Haugesund, Noruega, 1959). No final, quando a assistência, rendida á beleza e qualidade, da encenação e interpretação, se levantou para aplaudir, PATRICE CHÉREAU, sem grandes alardes, atravessou o palco para agradecer, como os restantes intervenientes no espectáculo. Possivelmente muitos dos espectadores nem sequer o reconheceram... Foi em 17-Jul-2011, na Sala Principal do Teatro Municipal de Almada, agora Joaquim Benite.



Sobre “Gabrielle, de Patrice Chéreau (FRA)

Eis outro filme do mesmo patamar de qualidade dos anteriores, que nada tem a ver, diga-se de passagem, com a esmagadora maioria dos filmes em exibição, a maior parte proveniente do mercado norte-americano (EUA).

“A verdade de uma personagem não se exprime pelo naturalismo nem pelo excesso de naturalidade da televisão. Pode ser até revelada através de intenso formalismo.” (Patrice Chéreau a Elisabete França, DN, 26jan06)

Chéreau recorre ao preto e branco, à cor, ao som ou à ausência dele (mudo, com legendas), à modificação da cadência das imagens, a tudo o que o cinema permite para realizar outra obra interessantíssima, baseada na novela “O Regresso (The Return)” do grande escritor Joseph Conrad.

Vê-se com muito prazer cinéfilo, e não só, esta história do fim de uma relação, no seio da grande burguesia, servida por um exército de criados, e se dedica aos seus jantares sociais (com umas pitadas de cultura…). Chéreau diz que é algo que já não existe e talvez seja verdade, pelo menos assim. Hoje, os novos (e muitos velhos) ricos, perderam sofisticação, embora continuam na sua maioria a ser, mas hoje com mais intensidade, incultos e mal educados, em todos os sentidos, e esbanjem em frivolidades o dinheiro resultante da exploração dos trabalhadores.

O autor (Patrice Chéreau, 1944) vem do teatro, do teatro de grande qualidade, sendo considerado um dos grandes encenadores da actualidade, encenando também ópera. A sua carreira no cinema começou só em 94 com o famoso “A Rainha Margot”, a que se seguiu “Intimidade”(2001) e depois “O Seu Irmão”. Esta sua incursão pelo cinema, em minha opinião, continua a manter a grande qualidade artística do autor. Claro que, por isso, pouco tem a ver com o cinema comercial, que está aliás para a Sétima Arte como a “literatura light” está para a literatura a sério.

Quanto aos actores, dizer que são admiráveis é dizer quase tudo. Em especial Isabelle Hupert, uma das maiores actrizes do nosso tempo, criou em Gabrielle mais uma personagem inesquecível, das que fazem parte do nosso imaginário cinéfilo. ****

(4-Fev-2006)

Sobre “Eu Sou o Vento” (I Am the Wind), de Jon Fosse, encenação de Patrice Chéreau, visto no Teatro Municipal Joaquim Benite, no decorrer do Festival de Teatro de Almada

“(...) Como não sou crítico, não me vou pronunciar sobre a qualidade dos espectáculos que vi, que foi, em minha opinião, quase sempre superior. Apenas dizer se gostei ou não. E a verdade é que, na véspera, a encenação de Patrice Chéreau me tinha surpreendido muito, pela beleza e impacto visual. Quanto ao texto, li algures comparações com o Koltés, o que não me atrevo a fazer, até porque tive a rara felicidade de ver dois grandes actores portugueses, João Perry e Mário Viegas, na mais célebre das suas peças e onde eles foram, em minha opinião, insuperáveis. Mas a interpretação de "EU SOU O VENTO" foi também soberba. Um grande espectáculo, em minha opinião. “

(17-Jul-2011)

(publicado no fecebook, em Out-2013)



Sem comentários:

Enviar um comentário