Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

FRANCES HA



NOTAS CINÉFILAS

(publicada no facebook em 25-OUT-2013)

“FRANCES HA”, de NOAH BAUMBACH

Deste cineasta nova-iorquino (Brooklyn, 3-Set-1969), muito ligado ao cinema dito independente, passa nos ecrãs da nossa cidade outra obra de que gostamos muito.

Relembremos os seus anteriores e excelentes trabalhos que vimos, “THE SQUID AND THE WHALE” (A Lula e a Baleia) e “GREENBERG”.

Agora é um olhar mais ou menos desencantado sobre os jovens que procuram realizar os seus sonhos na grande metrópole, que é aliás a cidade natal de Noah, a qual se parece cada vez mais com uma selva, em que apenas uma minoria, já de si privilegiada, vence. “Para se ser artista nesta cidade é preciso ter dinheiro”, diz uma das personagens da obra, pressupondo que o talento é menos importante...

A obra é mais que melancólica, é por vezes quase angustiante, quando pensamos também nos jovens, e nos já menos jovens, que nos rodeiam deste lado do Atlântico e que, como resultado das políticas, cá e na Europa, que não diferem das praticadas nos EUA, procuram uma saída para as suas vidas enquanto as classes dominantes esbanjam o dinheiro resultante da exploração dos trabalhadores.

Ainda esta semana havíamos lido na comunicação social que 12 milhões de crianças nos EUA vivem na pobreza, isto é, uma em cada seis menores de 5 anos! A esta terrível situação, no que é considerado a mais poderoso país do planeta, conduziu a política dominante no chamado mundo ocidental, nas últimas duas ou três décadas, mais concretamente a partir do início dos anos 90, com a consolidação no poder do dito neo-liberalismo, política de direita muitas vezes com laivos fascizantes e a partir do momento em que o Leste socialista ruiu.

Noah Baumbach dá-nos também um testemunho disso, embora num domínio restrito, o dos jovens que ainda sonham em vencerem no campo artístico, numa bela obra, utilizando uma magnífica fotografia a preto e branco (de Sam Levy). Ao ver este filme lembrei-me imediatamente da imoralidade que é amarrar os jovens estudantes aos empréstimos bancários, começando logo por os escravizar a partir daí. E essa medida nasceu no nosso país, salvo erro, a partir de um governo de José Sócrates, tendo como ministro da educação, Mariano Gago, que acabou por esbanjar ingloriamente o algum crédito que tinha granjeado na vida académica.

Ainda outro dia havia visto um filme passado no Japão “Like Someone in Love” (de um dos mais célebres cineastas contemporâneos, Abbas Kiarostami), onde a heroína, uma jovem universitária, se prostituía, com outras colegas, para pagar os estudos (da dívida ao banco, provavelmente...).

Na obra de Noah Baumbach, a jovem actriz, Greta Gerwing, dá corpo à personagem principal, Frances, numa interpretação brilhante mas acima de tudo tocante.

Muito recomendável a visão, para quem possa.



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