Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 17 de abril de 2013

DESILUSÕES E ALEGRIAS CINÉFILAS_17-Abril-2013


DESILUSÕES E ALEGRIAS CINÉFILAS

1-ALEGRIAS

Li na revista “POSITIF” de Abril, na sua quase sempre interessante rubrica “Présences du Cinéma”, especie de diário, cada mês editado por um dos críticos da revista (este mês por Grégory Valens), que o Sindicato dos Críticos de Cinema Franceses elegeu “AMOUR”, de Michael Haneke como o melhor filme francês em 2012 e “TABU”, de Miguel Gomes, como o melhor filme estrangeiro do mesmo ano!
Fiquei contente porque gostei muito destas duas obras, a de Haneke que é, em minha opinião, uma obra-prima, a de Miguel Gomes, que é um dos mais interessantes filmes portugueses dos últimos anos. Aliás disso dei conhecimento aos amigos oportunamente.



2-DESILUSÕES

No dia do funeral do “monstro” (17-Abr)

Não exagero dizer que o meu maior desgosto cinéfilo nos últimos tempos foi saber que actriz norte-americana Meryl Streep havia aceite representar na tela o papel de uma das mais sinistras personagens do século passado, Margaret Thatcher, a PM britânica, cujos efeitos perversos para a Humanidade da sua passagem pela política ainda se fazem sentir. Foi amiga e comparsa dos Reagan, Bush, Pinochet, Gorbachov e outras personagens do mesmo jaez, principais responsáveis pelo declínio civilizacional das últimas décadas nesta parte do mundo.
Quanto a Meryl, eu até fazia por ignorar as suas participações em obrazinhas menores e medíocres, mesmo que de grande sucesso comercial (a ela devidos, claro!), como o insignificante e irrelevante “Mamma Mia”, atendendo à sua brilhante participação nalgumas obras inesquecíveis de Reisz, Pollack, Pakula, Benton, e até Eastwood, etc, etc, citados de memória.
Mas a sua participação em “The Iron Lady” (A Dama de Ferro) é difícil de esquecer porque nem sequer se trata de uma obra isenta e se o fosse até o aceitaria. Os elevados proventos económicos que para a actriz terão resultado deste trabalho julgo que não justificam tudo, muito menos o jeito que fez à realizadora, aliás também autora do medíocre “Mamma Mia”-



Outra desilusão foi a tristíssima rábula franco-russa protagonizada por Gérard Depardieu, para fugir às taxas aplicadas à sua fortuna pelo governo francês. Sendo um actor controverso quanto à qualidade reconheço que gostei de alguns dos seus trabalhos nomeadamente nas personagens de Cyrano, Jean Valjean, Maheu e Bellamy e mais algumas.
Lamentos cinéfilos...

terça-feira, 16 de abril de 2013

IN MEMORIAM - CHARLES CHAPLIN - aniversário do nascimento (Londres, 16-Abr-1889)


IN MEMORIAM

Atrevo-me a fazer uma pequena resenha, muito simples, pela grande admiração que continuo a ter por Charles Chaplin, um génio da Arte do Século XX. Nasceu em Londres, em 16-Abr-1889, há exactamente 124 anos. Viveu parte da vida nos EUA.
Em 1943 casou com Oona O’Neill, filha de um dos grandes dramaturgos norte-americanos, Eugene O’Neill, o celebrado autor da obra-prima “Uma Longa Jornada para a Noite” (Long Day's Journey into Night). O casamento de Chaplin com Oona foi até ao fim da vida e dele nasceram 8 dos 11 filhos do artista.


                                                          http://www.charliechaplin.com/en/biography/articles/220-Charlie-Chaplin-s-Wives

A sua actividade não pode ser circunscrita a uma única arte embora seja como realizador e actor de cinema que ficará como um dos maiores de sempre.
Foi perseguido pelas suas ideias progressistas no país onde mais tempo viveu, os EUA, e onde realizou grande parte da sua obra, o que o levou a regressar à Europa, com a família. Não mais voltou aos EUA para trabalhar, apesar dos esforços de alguns para que esquecesse as perseguições políticas, dando-lhe um Óscar pela carreira em 1972. Faleceu em Corsier-sur-Vevey, na Suiça, em 25-Dez-1977, junto da família.
Coincidência ou não com a época (mas eu não acredito em coincidências destas), das mais fascizantes da política norte-americana, o Mc-Carthysmo, alguma crítica tentou desvalorizar a sua obra, o que obviamente não conseguiu, embora ainda haja alguns reflexos disso nalguma crítica actual mais conservadora.



Só queria citar meia dúzia de títulos da sua obra, enorme e intemporal, que ainda nos toca hoje e muito, a começar pela personagem que criou, um vagabundo romântico, rebelde e iconoclasta, Charlot, que continua a conseguir fazer rir crianças e adultos, apesar de todas as mudanças sociais que ocorreram neste mundo desde dos meados do século XX. Um personagem que nos faz rir, mas também nos comove às vezes pelo seu humanismo, que Chaplin genialmente lhe transmitiu.
Não queria deixar de citar algumas das suas obras-primas nas longas-metragens, que quase todos conhecem, mas entre elas o cume da sua arte talvez esteja, em minha opinião, em “O Circo”, “Tempos Modernos”, “Luzes da Ribalta” (Limelight), "Monsieur Verdoux" ou “O Grande Ditador”, este último que terá sido, com a sua feroz crítica anti-fascista, uma das razões das perseguições de que acabou por ser vítima nos EUA.




domingo, 14 de abril de 2013

SIDE EFFECTS (EFEITOS SECUNDÁRIOS), de Steven Soderbergh

SIDE EFFECTS (EFEITOS SECUNDÁRIOS), de Steven Soderbergh

Segundo texto não original, também já publicado no facebook,  para não deixar de referir obras vistas ultimamente que me agradaram.




Notas de um espectador de Cinema (quando pode), dedicadas aos (às) amig@s cinéfil@s.
Uma referência à última obra de um dos melhores realizadores norte-americanos vivos,  Steven Soderbergh, “SIDE EFFECTS” (Efeitos Secundários) (2013), um filme magnífico, que a crítica que infelizmente temos fez por ignorar.
Nascido em Atlanta, Georgia, EUA, em 1963, mas com uma filmografia já relativamente longa (mais de 30 títulos, como realizador), com meia dúzia de obras notáveis, entre as quais avultam "Che" (em duas partes) (2008), uma indiscutível obra-prima, e uma outra grande obra que é “Erin Brockovich” (2000), onde brilhou a também georgiana, Julia Roberts, uma actriz que muito apreciamos, mesmo quando se mete na pele de personagens detestáveis, o que não era o caso da jovem desempregada Erin, embora alguns, os tais, por despeito, lhe tivessem chamado "proletária pimba"... Pimbas são eles! Posso rir?.
Em “EFEITOS SECUNDÁRIOS”, um thriller muito clássico na forma, ao gosto de Soderbergh, que também como de costume obriga o espectador a um esforço suplementar para tentar compreender a intriga, cujo tema aborda em fundo os maus efeitos dos fármacos utilizados pelos psiquiatras, que em geral causam mais danos que benefícios, como a maioria de nós sabe, nem que seja só por observar os perversos efeitos em familiares, amigos ou conhecidos (como é o meu caso...), e que podem levar até à morte. “Efeitos Secundários” fez-me lembrar nesse aspecto, um grande clássico de Nicholas Ray, com James Mason a sofrer os efeitos da cortisona, “Bigger Than Life” (atrás do Espelho) (1956).
O que é grave é que o consumo destas drogas se banalizou, como ironicamente Soderbergh sublinha, com o seu belíssimo plano sobre os seus conterrâneos, vogando nas ruas sob o efeito dos anti-depressivos. Assustador...
E com isso vem a clara crítica da obra à falta de escrúpulos da grande indústria farmaceutica  e à venalidade de muitos médicos, que se deixam comprar a troco de benesses, financeiras ou até em viagens de lazer sob o pretexto de congressos.
Soderbergh mostra-nos isso mas, como é seu hábito, vai um pouco mais além, o que não posso contar agora sob pena de eliminar o efeito surpresa. As voltas do argumento, embora inesperadas, não parecem sem nexo  e mereceriam comentário. Este fica para mais tarde.
Se puderem não percam!
8-Abr-2013

THE DEEP BLUE SEA (O Profundo Mar Azul), de Terence Davies


THE DEEP BLUE SEA (O PROFUNDO MAR AZUL), de Terence Davies

Dificuldades várias têm-me impedido de manter este blogue actualizado. Lamento-o. Vou recomeçar com um texto não original, sobre um filme admirável que vi recentemente. Espero que não o percam. Abraços

Notas de um espectador de Cinema (quando pode...), dedicadas aos (às) amig@s cinéfil@s. (publicada no facebook, em 2-Mar-2013)


A não perder o último filme de Terence Davies (Liverpool, Inglaterra - 10-Nov-1945): "O PROFUNDO MAR AZUL" (The Deep Blue Sea).
É apenas a sétima longa-metragem deste cineasta inglês, que considero como um dos melhores cineastas contemporâneos. Relembrar só, por não haver tempo para mais, duas das suas mais brilhantes e emblemáticas obras: "Vozes Distantes, Vidas Suspensas" (Distant Voices, Still Lives) (1988) e "Off Time and City" (2008), documentário sobre a sua Liverpool natal, este visto num DOCLisboa.
"O Profundo Mar Azul" é uma adaptação feita por ele próprio de uma famosa peça homónima de um dos grandes dramaturgos ingleses do século XX, Terence Rattigan (Londres 1911 - 1977).
Para mim trata-se do melhor filme actualmente em exibição em Lisboa, do que já vi e tendo em consideração as obras (que conheço) de Steven Soderbergh ("Efeitos Secundários" (Side Effects)) e Quentin Tarantino ("Django Libertado") (Ainda não vi "Terra Prometida", de Gus Van Sant).

Haveria muito a dizer sobre a obra, um drama romântico, passado nos anos que se sucederam à 2ª Grande Guerra Mundial, numa Londres ainda em escombros devido aos bombardeamentos nazis e tem como principal personagem uma mulher que abandona o seu estatuto de lady por uma paixão amorosa de futuro improvável. Terence Davies conta o drama, fugindo aos clichés dos filmes de sexo, e centrando-se na sua personagem, numa admirável interpretação de Rachel Weisz, numa sociedade muito permissiva e hipócrita, mas desde que não ponham em causa as suas regras, como um "profundo mar azul", gelado e mortal para as suas vítimas.
Mas o filme tem também momentos belos e mágicos, que são aliás imagem de marca de Davies. (ver excertos duma entrevista, mais abaixo)
As comparações críticas, que li, com as obras de Terrence Malick são na minha opinião um perfeito disparate... Mas uma coisa de facto aproxima estes dois grandes cineastas, Davies e Malick, um inglês, outro norte-americano: filmam pouco mas o que fazem é de enorme qualidade!

Só uma referência à sua maravilhosa actriz principal, Rachel Weisz (Londres, 7-Mar-1970). É a sua participação em obras de realizadores de quem gostamos muito - Fernando Meirelles, Kar Way Wong, Bernardo Bertolucci, Jim Sheridan, Alejandro Amenábar, etc. Deste último, foi Rachel Weisz que desempenhou o papel de Hypatia, a filósofa e matemática egípcia, selvaticamente morta por fundamentalistas cristãos, numa obra notável daquele cineasta espanhol de origem chilena, o filme "Ágora". (ler a propósito o interessantíssimo livro de Odete Santos sobre Hypatia). A actriz participou ainda numa série televisiva de culto, "Inspector Morse" (1987-2000), para quem conhece a aprecia (como eu) a obra literária de Colin Dexter.

(...) Tomo o meu tempo porque não tenho dinheiro para filmar. É esse o problema na Europa. Nesse sentido, a Grã-Bretanha é o país menos civilizado da Europa. (...)

(...) a Grã-bretanha tornou-se numa colónia norte-americana. Somos um porta-aviões de produtos norte-americanos. Estamos sempre à procura de aprovação. Não olhamos para as nossas histórias à nossa maneira. Não faz sentido fazermos meras imitações dos norte-americanos. (...)

(...) Nesse tempo todas as ruas tinham o seu pub. E cada um ia ao da sua rua. E pelas nove da noite todos começavam a cantar. Sempre em grupo. Aliás, ninguém sabia o que era uma canção individual. Apenas canções em grupo. Nesse momento sentia que estava no centro do universo. (...)

Excertos que seleccionei duma entrevista a Terence Davies, por Paulo Portugal, San Sebastian, em "C7NEMA", a propósito da sua última obra, “The Deep Blue Sea”

NOTA do escrevinhador:
Este texto valeu-me a proibição pelo “Facebook”, de identificação de amigos por 15 dias! Porquê, eu que sou tão parcimonioso (como o tenho sido sempre ao longo da vida, o que me tem custado alguns dissabores, mas não me arrependo) nessa identificação, só o fazendo aos amigos reais, em quem confio e a alguns facebookianos por quais tenho grande admiração (pelo que escrevem ou pelo que sei da sua actividade pública, nomeadamente no campo desportivo, embora aí conte e muito a postura desportiva, para além dos exitos...).
E esta!?