Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sábado, 12 de janeiro de 2013

BALANÇOS 2012 - NOS PALCOS


BALANÇOS (II) - NOS PALCOS EM 2012: O QUE MAIS ME IMPRESSIONOU
(já publicado no Facebook)

HOMENAGEM

2012 ficará marcado por um acontecimento que nos deixou a todos abalados, que foi  desaparecimento de Joaquim Benite, um dos grandes nomes do Teatro Contemporâneo - encenador, director da Companhia de Teatro de Almada, do Festival Internacional de Teatro de Almada e do Teatro Municipal daquela cidade.
A sua inteligência e dinamismo, e o saber rodear-se de uma grande equipa, permitiram-lhe conseguir fazer do Festival de Almada um dos três grandes festivais de teatro europeus.
As suas encenações, que nas últimas décadas não tenho perdido, são das que mais gosto no panorama português e não só, já que através do Festival de Almada temos visto alguns dos trabalhos dos melhores encenadores europeus.
A sua morte é uma grande perda, como reconhecem internacionalmente os seus pares, para o Teatro, para a Cultura, para a vida nacional, já que era também um cidadão empenhado nas causas sociais por um mundo melhor, sendo membro do PCP.

OS ESPECTÁCULOS

Sobre os espectáculos que vi em 2012, cito aqui o que mais apreciei, numa escolha sempre difícil, porque acabo por deixar de fora da lista dos 10 MAIS, outros espectáculos de que também gostei muito:

1-Em primeiro lugar duas reposições da “CTA”, ambas aliás com encenação de Joaquim Benite: “O Carteiro de Pablo Neruda”, adaptação do saudoso teatrólogo Carlos Porto, do romance do escritor chileno António Skármeta e “Tuning”, de Rodrigo Francisco. Duas encenações que considero excepcionais de dois magníficos textos.

2-Da “Cornucópia” chegaram-nos em estreia dois espectáculos de superior qualidade: “O Sonho da Razão”, uma colagem de textos de  autores franceses (Diderot, Voltaire, Sade, Voisenon) feita, encenada e representada por Luís Miguel Cintra e com actores da “Cornucópia”; e “Os Desastres do Amor”, outra colagem de Luís Miguel Cintra, agora de peças de um clássico, Marivaux, resultando noutro espectáculo extraordinário, com representações excelentes, entre quais se salienta Rita Blanco e também um nome grande do cinema, Teresa Madruga (lembrar o famoso “A Cidade Branca”, do cineasta suíço Alan Tanner).

3-De “A Comuna”, veio “A Controvérsia de Valladolid”, de Jean-Claude Carrière, de quem tanto apreciamos a sua colaboração no cinema, interessantíssimo texto, encenado e representado por Carlos Paulo, juntamente com uma equipa de grande qualidade de actores daquela companhia.

4-Do “Intervalo Grupo de Teatro”, de Linda-a-Velha, uma encenação de “George Dandin”, de Molière, pelo actor, encenador e grande dinamizador daquele grupo, Armando Caldas, num magnífico espectáculo de uma companhia que continua a ser injustamente esquecida nos media, mas de que gostamos muito.

5-Do “Teatro Meridional”, “O Senhor Ibrahim e As Flores do Corão”, baseado num texto de Eric-Emmanuel Schmitt, com versão cénica, encenação e interpretação de Miguel Seabra e que considero o espectáculo de palco de que mais gostei este ano porque, apesar da sua sobriedade, tem uma carga poética e emocional rara.

6-Da CTA, em parceria com o Teatro Nacional de S.João, do Porto, veio “O Mercador de Veneza”, de William Shakespeare, com encenação de Ricardo Pais. Sendo uma das complexas peças do mestre,  esta encenação  não desmereceu da grandeza da obra e foi um notável sucesso de público.

7-De um dos grandes encenadores e actores contemporâneos, Peter Stein, um fascinante “Fantasia Fausto”, a partir de Goethe. Aliás Peter Stein havia encenado “Fausto”, num espectáculo de 19 horas de duração, para Exposição Universal de Hannover, em 2000.

8-Um espectáculo maravilhoso - de circo, teatro, dança, “Murmúrios dos Muros”, pela Compagnie des Petites Heures, com criação e encenação de Victoria Thierrée-Chaplin, filha de Charles Chaplin e Oona O’Neill, que como sabemos era filha do grande dramaturgo Eugene O’Neill.

9-E da famosa coreógrafa belga, Anne Teresa de Keersmaeker, um espectáculo de dança, “En Atendant”. Um puro e raro fascínio, depurado e belo!

10-Outro espectáculo ainda, de dança, música, teatro, que nos surpreendeu pela enorme qualidade foi “A Idade de Ouro”, com direcção de Pedro G.Romero e com Israel Galván. Aqui contaram também as condições, nessa noite extraordinárias, apesar do frio de Julho, ou talvez também por isso, do Palco Grande, ao ar livre, no Festival de Almada, em que até a Lua colaborou...

11-Fica para o fim, porque foi o único que ainda não conseguimos ver, mas de referência obrigatória, derradeira encenação de Joaquim Benite, já estreada no Festival de Mérida, e agora  reposta  em Almada, de “O Timão de Atenas”, de William Shakespeare. Com o falecimento do encenador, foi o jovem dramaturgo e encenador, Rodrigo Francisco, seu adjunto e agora novo director da CTA, a concluir este trabalho. Tencionamos vê-lo em Janeiro. 

Nota Final
Devo dizer que 2012 foi para mim, pessoalmente, um ano muito mau por todas as razões, até de saúde, que não me deixaram ver tudo o que gostaria. Falhei, entre outros, por exemplo, um dos espectáculos que mais me interessaria, “Feliz Aniversário”, de Harold Pinter, encenado por Jorge Silva Melo, para os “Artistas Unidos”, companhia de que gosto também muito.


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