Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sábado, 15 de janeiro de 2011

DOCLISBOA 2010 (Algumas Notas)

NOTAS SOBRE O DOCLISBOA 2010

1- Sessões de Abertura e Encerramento

Se a sessão de abertura, com a exibição do magnífico “José & Pilar”, indiscutível homenagem ao nosso Nobel da Literatura, mas também à belíssima história de amor que protagonizou com sua mulher, Pilar del Rio, continuou o espírito das anteriores edições do Festival, o mesmo já não se poderá dizer do encerramento, em que se perdeu o espírito socialmente contestador, que tanto nos agradava, e que as últimas presenças de obras de Michael Moore ou Emir Kusturica, lhe conferiram, por muito interessante que pudesse ser o filme de encerramento (não vi). Influência do programador deste ano (A.M.Seabra)? Não sei. Mas é pena.
E fico com a sensação, porque não acompanhei a programação com profundidade, que esta foi a edição mais fraca em termos de qualidade, cujo ponto mais alto residiu afinal na retrospectiva de Joris Ivens e Marceline Loridan. 

2-Público

Em sessões mais cinéfilas, voltei a reparar numa juventude que gosta de Cultura e que vai ver o que pensa que é muito bom e que quer conhecer. A existência dessa juventude nos tempos medíocres, que em muitos aspectos nos rodeiam e que os anúncios das cervejeiras às vezes querem fazer passar por norma, enche-nos de satisfação e faz-nos lembrar tempos idos, do movimento cineclubista, que tão importante foi no despertar de consciências, num tempo em que a censura e a repressão eram lei.
Hoje a censura foi substituída por programadores de confiança de quem lhes paga, seja de televisão ou outros Media, ou editores de conteúdos, ou como lhes queiram chamar, cujo objectivo continua a ser o mesmo, isto é dar a ver apenas o que interessa a quem manda. Tudo o resto é ignorado ou quando muito, dito, escrito ou mostrado a desoras ou em colunas interiores, que quase ninguém vê.

3-Um documentário sobre a propaganda no Terceiro Reich

À saída de uma das sessões, no S.Jorge, fui surpreendido por uma enorme fila de gente, que subia em massa pelas escadarias daquele cinema. Interroguei-me surpreendido: para ver que filme? Movido pela curiosidade fui consultar o programa e verifiquei que se tratava da polémica obra “Hitler’s Hitsparade”! Isto é, uma parada de êxitos comerciais do tempo do regime nazi, na Alemanha.
O que significará isto para as novas gerações, já que para minha não passa de propaganda nazi, tal como os seus cânticos, as suas Marika Rokk, tudo misturado com árias wagnerianas (pobre Wagner!), de que nós conhecíamos uma versão mais “soft” e provinciana, na Península Ibérica? Segundo quem viu, por baixa da capa do inócuo, havia algo de mais aterrador – racismo, xenofobia, anti-semitismo.
Será simples curiosidade intelectual ou haverá nela alguma atracção pelo abismo, pelo horror, pelo desumano, sinal inquietante de decadência civilizacional?
Relembremos que parte da crítica colocou sérias reticências à obra, considerando-a uma banalização do nazismo, não isenta de algum revivalismo por uma das épocas mais tenebrosas da História da Humanidade.


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