Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

JOSÉ & PILAR, BOXING GYM, KONSOMOL - A SONG OF HEROES, LA JETÉE





Três citações especiais, de obras magníficas, vistas este ano no mais carismático dos Festivais de Cinema que se realizam em Portugal (DOCLISBOA) e mais uma no Festival de Cinema do Estoril/Cascais.

"JOSÉ & PILAR" (POR, 2010), surpreendente, pela qualidade, documentário realizado por Miguel Gonçalves Mendes, sobre o nosso Nobel da Literatura (1998), José Saramago e sua mulher, a jornalista Pilar del Rio, que acompanhou as últimas décadas, muito fecundas, deste escritor, que muitos consideram no topo da Literatura Universal (Harold Bloom, famoso crítico norte-americano), opinião que partilho.


"KOMSOMOL, SONG OF HEROES"  (URSS, 1932), de Joris Ivens (Nijmegen, Holanda, 18-Nov-1898 - Paris, 28-Jun-1989) - 


Uma das obras máximas deste famoso documentarista, mestre dos mestres, observador privilegiado de acontecimentos políticos e sociais, ímpares, do século XX, que nesta obra acompanha o entusiasmo do povo na construção da primeira nação socialista da História da Humanidade. Este filme foi incluído na retrospectiva do cineasta, exibida neste Festival.



Joris Ivens filmou na Argélia, no Vietname, no Chile (acompanhando uma campanha eleitoral de Salvador Allende (em 64), nos novos países socialistas surgidos com a derrota dos conservadores após a 2ª guerra mundial (39-45), em Espanha (acompanhando Hemingway, do lado das forças republicanas e democráticas, durante a Guerra Civil de 36-38), na URSS (onde filmou a extraordinária obra de hoje - "Komsomol - Sonho de Heróis" (em 1932) ), na República Popular da China, etc.


A sua longa obra, além de ser Arte, constitui também, em grande parte, um importante documento de muitas lutas pela Liberdade e por um Mundo mais justo, sempre do lado dos Povos, e ficará como um retrato do Século XX, no que ele teve de melhor!

BOXING GYM (EUA, 2010), de Frederick Wiseman - durante hora e meia, este grande documentarista norte-americano, acompanha a vida num ginásio (Lord's Gym), dirigido por um antigo lutador de boxe profissional. O que é admirável é que Wiseman conseguiu dar um retrato do que poderiam ser uns EUA, onde se vivesse efectivamente em Democracia, com gente das mais diversas proveniências, de todas as cores de pele, com as mais variadas culturas, que ali convivem e partilham sentimentos e preocupações, ao mesmo tempo, que lá fora, o ódio, a violência, a indiferença e muita desigualdade social, imperam! 
"BOXING GYM", é outra espécie de "bailado", principalmente de pés e mãos, pontuado pelo obsessivo som do matraquear das bolas e dos sacos de treino, em contraponto com as conversas que nos revelam infelizmente a existência de mundo pouco recomendável fora das quatro paredes daquele ginásio. A visão humanista do que poderia ser aquele país, se nele houvesse democracia e aquela multiplicidade de sensibilidades, de culturas, de cores de pele pudessem construir uma sociedade sem desigualdades. Frederick Wiseman, o famoso documentarista norte-americano, utiliza o contraponto, como uma imagem de marca, entre aquela actividade no ginásio, por vezes frenética, e as imagens, muito belas, da cidade, em silêncio, que o rodeia.


LA JETÉE (1962), de Chris Marker (Paris, 1921)

Do fotógrafo e realizador francês, autor de "Cuba, si!", de 1961. Há quem considere "La Jetée" (a exibir, no Casino do Estoril, no âmbito da retrospectiva de Chris Marker, no respectivo Festival de Cinema) como um dos mais belos filmes da história do cinema. No entanto são só cerca de 30' de fotografias, que contam uma história de ficção científica. Porém, um dos momentos mágicos do filme tem a ver com um curto (e único) movimento, um simples piscar de olhos no belo rosto de uma mulher. Não sonhei, pois não?



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