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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

SHIRIN, de Abbas Kiarostami

“SHIRIN”, de Abbas Kiarostami (IRÃO), ***** (5)

Do Irão, actualmente sob um regime teocrático, em que sacerdotes governam ditatorialmente, uma obra notabilíssima, questionando a essência da linguagem do cinema, como arte.
“Acredito que esta forma de arte que é o cinema é a que de uma maneira mais poderosa mexe com os espectadores e incorpora as suas emoções. Este filme é um tributo a esse poder do cinema.” (Abbas Kiarostami)
O que cineasta fez foi, “em primeiro lugar, coleccionei todas estas emoções verdadeiras de todas estas mulheres e depois decidi fazer todo o processo de uma banda sonora de filme clássico”, juntando-lhe os diálogos de “Shirin”, um poema persa clássico, do século XII, conhecido pela lenda de Khosrow e Shirin, escrito pelo grande poeta Nemazi, e que os espectadores ouvem durante o filme. “Escolhi Shirin, entre outras heroínas e histórias, pela sua grande modernidade. Remonta ao século XII, mas é a primeira história de um triângulo amoroso cujo centro é uma mulher”.
São 114 actrizes, incluindo a francesa Juliette Binoche, que o cineasta filmou durante alguns minutos. “É a mais sofisticada mise-en-scène do olhar que alguma vez alguém fez. Seguramente a mais bela.” (L.M.Oliveira, Ipsilon).
Como última nota: “Ao contrário de outros países muçulmanos (*), as mulheres iranianas têm um papel activo na sociedade, conduzem (**)  e votam. Nos últimos 10 anos, elas tornaram-se maioritárias nas universidades. Mas aos olhos da lei islâmica, elas permanecem inferiores aos homens. O véu simboliza essa discriminação.” (…) “No fim do filme uma espectadora sorri. Ela sabe que a situação irá mudar e que o Irão será uma república plena e inteira que não terá outro nome: iraniana.” (Bamchade Pourvali, crítico de cinema)
(*) quase todos pró-ocidentais, e por isso aceites pelo imperialismo norte-americano.
(**) ver “Ten”, uma obra anterior de Kiarostami, onde dez mulheres falam enquanto conduzem nas ruas de Teerão.
***** (5)

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