Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

GREENBERG, de Noah Baumbach

“GREENBERG”, de Noah Baumbach, (EUA), **** (4)

Depois do muito interessante “A Lua e a Baleia” (The Squid and the Whale) (2005), uma nova obra deste cineasta nova-iorquino, mas desta vez passada em LA, para onde o seu personagem principal, Roger Greenberg (magnífico Ben Stiller), que nos últimos tempos se dedicava à carpintaria como trabalhador independente para sobreviver, e é um jovem quarentão desadaptado, com problemas psicológicos, vai ficar uma temporada, na vivenda do irmão, um bem sucedido quadro superior de uma qualquer grande empresa, casado e com filhos, que entretanto foi de férias para o Vietname (“eles têm e-mails?”, pergunta a cunhada antes de partir), e que não perdoa ao irmão o seu insucesso na vida, desde que este falhou na carreira de músico de um grupo pop, por não querer aceitar as condições do mercado discográfico, que exploram os jovens músicos em início de carreira. O relacionamento de Roger com Florence (fascinante Greta Gerwig), que trabalha como ajudante doméstica em casa do irmão, e que havia ficado com a incumbência de tratar o velho cão dos Greenberg, com problemas de saúde (tem sida, diz um dos jovens, com álcool e cocaína a mais, na festa de despedida da sobrinha de Roger), irá despoletar novos problemas.
Um filme, ao melhor estilo do cinema independente, que olha com inteligência, sensibilidade e algum humor, seres desadaptados de uma sociedade cada vez menos aceitável em termos humanos em certas partes do mundo (como a nossa e a deles…)
Ao contrário do que li numa crítica do “Público”, o que Noah Baumbach deixa transparecer é um certo desprezo pelos aparentemente bem sucedidos, numa sociedade, que, nos seus principais aspectos – sociais e humanos, é bastante egoísta e medíocre (“eles não querem é trabalhar!”, “não queremos pagar-lhe o rendimento mínimo e o subsídio de desemprego deve ser reduzido no máximo (mesmo que tivessem descontado para isso)!”, “o António Mexia é competente!”, “não interessa quanto custa ao Estado a estadia do Papa! É preciso é que ele venha!”, etc, etc). E a nossa simpatia, acaba por isso, por ir inteira para os seus dois personagens principais, meio falhados de acordo com os padrões vigentes.
Entre as várias cenas magníficas deste filme relembro a título de exemplo a do impulso em seguir as duas desmioladas jovens que vão fazer mergulho para a Austrália.
Foi exibido no Indie deste ano e recomendo a sua visão, agora que está em exibição comercial.
**** (4)

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