Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

PREFERÊNCIAS DE 2009 - "Um Conto de Natal", de Arnaud Desplechin

“UN CONTE DE NOËL” (Um Conto de Natal), de Arnaud Desplechin, (FRA), ***** (5)

Tive a sorte de ter visto a obra-prima documental e autobiográfica, “L’Aimée” (*****), deste realizador exibida no último DOCLISBOA, cujo tema era a casa familiar, que ia ser vendida pelos últimos proprietários, na cidade natal de Desplechin, Roubaix. Com isso o autor fez um filme profundamente nostálgico, que nos toca, embora seja muito pessoal.
De certa maneira este “Um Conto de Natal”, tem fortes ligações com “L’Aimée”, principalmente pelas imagens de Roubaix, que me parecem igualmente muito pessoais, mas também pelo microcosmos que é “a família”, com todos os seus problemas, que são em geral muitos e às vezes complexos, incluindo, como neste caso, a doença oncológica e o problema da doação de órgãos. Não haverá provavelmente nada, ou quase nada, de autobiográfico nesta obra, mas o certo é que os espectadores não conseguem deixar de pensar nos seus próprios problemas e de concitar a sua memória, também quase sempre com uma parcela importante de nostalgia.
Não vos vou fazer a sinopse do filme. Prefiro que o vejam, e recomendo uma muito especial atenção aos meus amigos da área da Psicologia! (e digam-me depois se não tenho razão…)
Apenas chamar a atenção para a admirável direcção de actores, desde uma diva da tela, Catherine Deneuve (Junon Vuillard, a matriarca da família), passando pelos magníficos Jean-Paul Roussillon (o pai, Abel Vuillard), Mathieu Amalric (extraordinário Henri), Emmanuelle Devos (como sempre fascinante, em Faunia), Anne Consigny (Élizabeth), Melvil Paupoud (Ivan), Hippolyte Girardot (Claude), até aos jovens actores, as crianças e Émile Berling (Paulo, o neto). E para algumas cenas magníficas – por exemplo, a da relação (física) entre Sylvia (Chiara Mastroianni) e Simon (Laurent Capelluto), também dois actores admiráveis.
E esta obra tem também o mérito de nos fazer lembrar grandes obras muito amadas, de outros grandes realizadores. Não que as cite explicitamente, mas porque atinge um patamar artístico superior – Jean Renoir, Alain Resnais, Ingmar Bergman e até, Alfred Hitchcock.
Obra intimista e superiormente inteligente (como aliás o resto da obra de Desplechin que conheço), mas que um espectador comum (como eu), penso que é capaz de entender. Por isso não percam.
***** (5)

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