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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sábado, 30 de janeiro de 2010

PREFERÊNCIAS DE 2009 - "Revolutionary Road", de Sam Mendes

“REVOLUTIONARY ROAD”, de Sam Mendes (EUA), ***** (5)
(visto em 4-Fev-09)

Esqueçam por agora os badalados Danny Boyle (com o controverso “Slumdog Millionaire”, na sua procura do miserabilismo, segundo alguns), David Fincher (“O Estranho Caso de Benjamim Button”) e Gus Van Sant (“Milk”), ou o empolado Clint Eastwood (“A Troca”) (voltaremos a eles quando houver oportunidade) e concentremo-nos no mais importante, em termos de Cinema, das estreias recentes, ou seja no extraordinário novo filme de Sam Mendes (1965, Reading, Berkshire, Inglaterra), baseado num romance homónimo (título  duma edição em português “A Janela Panorâmica”), escrito em 1961 por Richard Yates (1926, Yonkers, NYC- 1992).
Depois da surpreendente e magnífica obra de estreia, “American Beauty”, este inglês, de ascendência portuguesa, volta a realizar uma obra brilhante. Há quem classifique o filme de “sublime” (JL no DN) e eu quase não desdenharia utilizar o adjectivo.
Uma angustiante visão sobre a vida da classe média norte-americana, nos subúrbios de Nova Iorque, anos 50 do século XX, sobre a desilusão e a frustração a que o chamado “sonho americano” pode conduzir aqueles que, limitados e pouco talentosos, ingenuamente acreditam nele. “Fugir ao frustrante vazio”, refere Frank Wheeler (Leonardo DiCaprio), sobre o projecto sonhado do casal de emigrar para Paris e John Givings (magnífico Michael Shannon), o vizinho matemático que enlouquece, e quando regressa do tratamento, perdido o sentido das conveniências que os ditos “normais” respeitam em sociedade, repete, para grande escândalo, diagnosticando o mal que consome o “casal modelo”, que morava naquela casa da Revolutionary Road.
Parafraseando o sucesso comercial em que os dois actores entraram (“Titanic”), um crítico diz que se trata agora “portanto de outro tipo de naufrágio romântico”.
Uma obra de uma tensão dramática rara, que só os grandes cineastas logram (às vezes) atingir. Quase perfeito!
E magistralmente interpretado pelos dois principais actores, em especial Kate Winslet (como April Wheeler), companheira na vida real de Sam Mendes. Além claro de Michael Shannon, no pequeno mas importante papel do vizinho psicologicamente afectado.
Mas suspeito que o filme não cairá nas boas graças da crítica dominante: é demasiado cruel. Provavelmente, como Cinema, não veremos este ano muito melhor.
***** (5)

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