Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

domingo, 17 de janeiro de 2010

PREFERÊNCIAS DE 2009 - "Happy-Go-Lucky"

“HAPPY-GO-LUCKY” (Um Dia de Cada Vez), de Mike Leigh, (GBR), ****(4)

Não sendo, aparentemente, uma das grandes obras de Mike Leigh, é uma comédia realista, brilhantemente interpretada por Sally Hawkins (grande prémio em Berlim e honras de capa na incontornável revista de cinema, Positif), no papel da jovem educadora (Poppy Cross), que tenta encarar a vida pelo lado positivo, mesmo quando ela é suficientemente amarga para às vezes desanimar o mais resistente.
A sociedade britânica, com todo o seu cinzentismo actual, é apenas entrevista através de meia dúzia de personagens, sofredoras, insatisfeitas, frustradas e de um pano de fundo social, que intuímos mais do que vemos.
Mas, como sempre, uma belíssima direcção de actores, faz-nos amar este filme simples, com meia dúzia de sequências brilhantes – o encontro com o vagabundo (momento ímpar!), a aula de flamenco, a ida ao fisioterapeuta, o encontro amoroso com o amigo, a última lição de condução, etc.
A obra abre e fecha com outras duas cenas admiráveis: a ida da protagonista para o emprego, através do bairro de Camden, em Londres, numa bicicleta (que todavia acabará roubada), e o passeio de barco, na Serpentina do Hyde Park, das duas amigas, Poppy e Zeo (“um final de tonalidade woody-alleniana” (Faubien Baumann) ).
E para quem conhece Londres, reconhece o muito popular, embora pouco bonito, bairro de Camden Town, com as estações de Metro de Camden Town e Finsbury Park, por onde, em tempos idos, deambulámos à procura de livrarias (se é que alguém se lembra já disto).
Talvez convenha terminar com as palavras do próprio autor, Mike Leigh, a propósito deste filme:
“Neste início do século XXI, vivemos uma época muito dura, estamos a destruir o nosso planeta, destruímo-nos uns aos outros, o mundo está à mercê da fome e do fundamentalismo religioso; todavia, não podemos ser completamente pessimistas e ficar sentados a lamentar-mo-nos. Porque, durante este tempo, pessoas lutam no seu quotidiano e, entre elas, os educadores. São as Poppy deste mundo. Não é possível educar as crianças, sem se ser, duma certa maneira, optimista, porque assim investimos no futuro.”
Belas palavras, que me fizeram pensar na trágica situação dos Professores do país em que vivemos, desconsiderados e maltratados por um governo inacreditável, que parece ver a Educação apenas como a colocação de mais um Magalhães nalgumas carteiras escolares…
**** (4)
NOTA
Atenção! Isto foi escrito em Março de 2009, na anterior vigência no Ministério da Educação. Agora o nível dos responsáveis ministeriais é outro e viu-se luz ao fundo do túnel...
De notar que todos os textos, embora só agora aqui incluídos, foram escritos durante o período de exibição das respectivas obras.

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