Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

CINEMA PORTUGUÊS EM 2009 - IV - Ruas da Amargura

“RUAS DA AMARGURA”, de Rui Simões, (POR) (2008), ***** (5)

Embora já tivesse visto esta magnífica obra no decurso do DOCLISBOA de 2008, uma nova visão veio confirmar-me que se trata de um dos grandes documentários feitos em português.
É que Rui Simões, com sete personagens reais, que ouve falarem sobre as suas vidas conturbadas, de quem caiu (ou foi empurrado) para uma marginalidade de onde é muito difícil sair, conseguiu fazer uma obra tão ou mais interessante que muitas rebuscadas ficções. E em que o humor também não está ausente.
É um retrato muito humano destes seres em extremas dificuldades, que no entanto nunca perdem a sua dignidade. A verdade é que os rostos destas mulheres e homens ficam na memória do espectador por muito tempo, pelas melhores razões.
É uma visão sem preconceitos sobre o mundo dos Sem-Abrigo na capital do país, e de alguns que os auxiliam através de associações constituídas para o efeito, em geral de cariz humanitário ou religioso.
Rui Simões acompanha e ouve, ao longo de quase duas horas, que passam num ápice, sete pessoas que caíram nessa dramática situação. E alguns dos que as ajudam nesta situação também nos deixem entrever parte da sua grande solidariedade.
Um filme humanista e importante, comovente por vezes, mas que não deixou de causar engulhos (conforme ouvimos no debate após a projecção no DOCLISBOA de 2008) a alguns espectadores mais conservadores, incomodados com o que viram, isto é, com pessoas como eles, provavelmente melhores em muitos aspectos, mas a viverem na rua.
Curiosamente, ou talvez não, estabeleceu-se agora uma cortina de silêncio da crítica dominante em torno do filme. O “Público” nem sequer o inclui na sua tabela de obras em análise. Porquê, tratando-se de uma das poucas obras realmente interessantes em exibição neste momento nas nossas salas? E o www.imdb.com, sempre tão presto em registar o inenarrável lixo cinematográfico que se exibe por esse mundo fora, também o não refere ainda. Porquê?
O realizador (Lisboa, 1944) deste filme, Rui Simões, é autor de duas importantes obras do post-25 de Abril, “Bom Povo Português”, de 1976, e “Deus, Pátria e Autoridade”, de 1981.
Por favor, não percam. E depois digam-me se tenho ou não razão.
***** (5)

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